terça-feira, 16 de junho de 2009

UM OLHAR ENIGMÁTICO

As conexões de internet no Paraguai são muito ruins. Consultar um simples e-mail é um ato de paciência e controle do temperamento. A vontade é de socar o único computador do hotel que não oferece nenhuma velocidade. Apesar disso, o tédio e a curiosidade me fizeram pesquisar um pouco mais da história de San Bernardino. Não havia muito, a não ser um link sobre criminosos de guerra nazistas que tinham fugido para a América do Sul. Fiquei surpreso ao saber que até o carrasco Mengele tinha passado algum tempo na cidade. Desliguei o computador, mas fiquei com a história na cabeça.

Não demorou muito para eu lembrar da mulher que passeava com seu pai à beira do lago. Divaguei e imaginei o velho fugindo do julgamento de crimes de guerra, escapando de Berlim para a pacata San Bernardino. O pai de Ana tinha uma expressão de superioridade em seu rosto, mas não era nojo, era reprovação à cultura local. Uma cultura que eles não achavam adequada aos seus modos civilizados, nórdicos, puros, ou qualquer outra bobeira racial.

Ana ainda me intrigava, seu olhar era poderoso demais para ser esquecido. Ele penetrou em mim e ficou guardado. Antes de sair desse lugar, gostaria de conversar com ela, ouvir sua voz. Será que seria tão poderosa quanto seu olhar?

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