sexta-feira, 26 de junho de 2009

OBSERVAÇÃO

Cheguei à estrada depois de me arrastar para fora do charque, imundo e furioso. Meu braço já devia estar infectado com alguma doença tropical e eu estava ali, perdido no meio do nada. Um caminhão surgiu no horizonte, me viu e parou para ajudar. O caminhoneiro ajudou Ana a retirar o seu pai da água fétida e os dois carregaram o velho até caminhão. Como ela ainda tinha forças, eu não sei.

Depois de quase uma hora de viagem até o hospital, fomos atendidos na unidade de emergência em Assunção. Engessaram meu braço e me colocaram em observação por 24 horas. O velho não havia sofrido nada, só tomou alguns antibióticos por prevenção. Ana que no começo se mostrou tão calma, ficou tão nervosa com a atenção dos médicos e policiais, que quase teve um surto. Ela primeiro emudeceu e depois chorou copiosamente. Os médicos tentaram acalmá-la, mas acabaram tendo que lhe dar uma dose generosa de tranqüilizantes.

Eu e o velho fomos colocados no mesmo quarto, em observação.

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