Os finais de semana em San Bernardino são mais tristes nessa época do ano. O hotel fica quase vazio, com apenas três funcionários trabalhando. Às vezes surgem outros hóspedes, mas parecem fazer à mesma coisa, se esconder. Não querem saber de conversa, se trancam nos quartos e só saem para caminhar perto do lago. Eu procuro não enlouquecer, lembrando sempre das promessas da Bolívia. Em breve, eu sairei desse inferno pacífico, rumo a um caldeirão de problemas. A idéia me conforta e dá força para agüentar meus dias finais em San Bernardino.
Ainda rondo a casa de Ana. Desta vez vi o carro da família, um Ford da década de setenta. Não observei muito mais, para não levantar suspeitas. O povo das cidades pequenas fala demais e estão sempre observando. A última coisa que quero é me tornar alvo de suspeitas da população local. Apesar disso, Ana e seus mistérios não saem da minha cabeça. Conversando com os moradores não consegui descobrir muito mais, apenas que sua mãe morreu ainda na década de 70. Depois disso, ela foi para a faculdade e passou longos anos no estrangeiro. Quem me contou a história de Ana foi a minha principal fonte na cidade, o gerente do hotel. Ele era o único que sabia os detalhes mais íntimos dela, mas ainda sim,eram poucos.
Eu, com essa minha mania de tentar entender os outros, passava horas tentando decifrar a vida de Ana. Seria o amor tão grande assim entre os dois, para fazer uma filha desistir da vida no estrangeiro para cuidar do pai? Ou seria outra coisa que a fazia esquecer que era uma mulher bonita e desejável, mofando dentro de casa com um pai semimorto?
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