terça-feira, 23 de junho de 2009

NOITES PAULISTANAS

Apesar de eu reclamar das noites, tenho dormido bem, um verdadeiro sono dos justos. Júlia foi embora quando apertei o gatilho em São Paulo. Ela não povoa mais meus sonhos, só minhas lembranças. Senti que a justiça foi feita e seu espírito podia descansar em paz. Eu fui o único que me levantei por Júlia, ainda que não tenha sido em vida. Mas lutei por ela, provei que não era descartável. Minha consciência está tranqüila, e não devo mais nada à garota. Depois que fiz justiça com o monstro que a assassinou, e perdi minha liberdade por isso, vou fazer o que quiser com o resto da minha vida. E minha vida ia para Bolívia, lutar.

Eu espero o encontro com o agente boliviano, membro da resistência. Decidi aumentar meus exercícios físicos e diminuir o número de cigarros. O momento é de grande concentração, não posso me permitir errar.

Durante as minhas caminhadas ainda observo a casa de Ana. Nenhuma novidade, apesar de eu ter aumentado a minha atenção. Perguntei sobre a família dela para algumas pessoas, muito discretamente, mas ninguém sabia de nada. A clausura de Ana era total, um verdadeiro cárcere monástico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário