quarta-feira, 10 de junho de 2009
O HOTEL DOS ALEMÃES
A viagem para o balneário não foi longa. Peguei um ônibus na rodoviária de Assunção e um táxi velho até o hotel, à beira do lago. O coronel Benites me recomendou uma hospedaria muito antiga no balneário. Existe desde o final do século 19, quando a região ainda era dominada por colonos alemães. O hotel tinha a arquitetura germânica e seu nome desenhado em letras góticas. O clima nublado, a vegetação e o ar me lembraram o bucolismo rural da Europa. Os alemães encontraram um belo esconderijo neste lugar, um final de mundo, escondido no meio de uma floresta.
Já estou aqui há alguns dias, já instalado e com algum reconhecimento da região. San Bernardino é um balneário para os ricos de Assunção. No verão eles lotam o lugar, cheio de mansões e restaurantes da moda. Mas agora, no nublado inverno paraguaio, ninguém aparece e os hotéis e índios, que ficam vendendo bugigangas para os turistas, ficam à toa. O lugar, apesar do atual clima, é bonito. Muito calmo, tanto que à noite, eu posso ouvir as ondas do lago quebrando nos barrancos e os insetos fazendo barulho no mato.
Desde a minha fuga de São Paulo, não me sentia tão seguro. Benites estava certo, a capital poderia me denunciar. Aqui escondido, longe da agitação de Assunção, me sinto protegido, guardado pela distância com a civilização. Tão distante que às vezes parece que o tempo para e os dias não passam nunca. Confesso que estou um pouco entediado e logo terei que me ocupar com algo.
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