San Bernardino amanheceu com uma pequena coluna de fumaça, que levava ao céu os restos da casa de Ana. Logo que desci para o café da manhã notei a comoção dos funcionários e quando sai às ruas vi, por mim mesmo, a fumaça cinza e fúnebre. Corri para a casa de Ana já esperando encontrar o pior.
Na entrada da casa, vizinhos e policiais se aglomeravam. Perguntei à vizinha, a que tinha uma venda perto da casa, o que havia acontecido. Ela viu o fogo tomando toda casa rapidamente, por causa da madeira. Ninguém sabia de Ana, nem mesmo os policiais. Eles achavam que seu corpo carbonizado estava entre os escombros, esperando para ser descoberto. “O que causou o fogo?”, indaguei a um policial. O homem respondeu desgostoso, que ainda não sabiam.
De qualquer jeito, não adiantaria saber como ela se queimou. A culpa a consumiu e fez Ana se matar desse jeito horrível. Escolheu uma morte dolorosa, mas que a purificasse de vez, de corpo e espírito. Sozinha e perdida durante a noite, com o resto de sua vida em suas mãos, deve ter se desesperado. Não soube o que fazer com a liberdade que lhe foi oferecida e se matou, selando sua vida com a do pai.
Ninguém sabia a verdade, só as mentiras construídas durantes os anos. As mortes de pai e filha seriam consideradas acidentais. Uma tragédia local, para ser lembrada como uma história pitoresca da região, um caso curioso.
Espero por Benites no hotel, com a conta fechada e as malas na recepção. Queria ir embora logo desse lugar e esquecer a sordidez do ser humano. Mesmo na guerra, onde os crimes mais bárbaros acontecem, eu nunca encontraria tamanha monstruosidade como a de Fritz, que estuprou e torturou a filha por anos. Para ele, Ana não era uma pessoa e sim uma propriedade, livre para ser usada como quisesse. Mais uma vez eu vislumbrava o lado negro das pessoas, mesmo quando não o procurava. O coronel deve aparecer a qualquer momento, por isso me despeço e prometo continuar minha história quando chegar à Bolívia. Que Deus tenha piedade de Ana, e de mim.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
sexta-feira, 10 de julho de 2009
ILUMINAÇÃO
Ana foi tão submissa que ninguém imaginaria o final da história. Ela veio falar comigo, sem saber por que vinha. Estava tão perdida que tive de acompanhá-la de volta para casa. Não entendia minha presença, mas não recusava minhas argumentações. No caminho, ruma a sua casa, aconselhei-a a seguir sua vida, deixar o pai e ser feliz, pois ainda havia esta possibilidade. Ela dizia que não teria coragem. Eu falei durante todo o trajeto até chegarmos a sua casa. No portão, ficou sem saber o que fazer, por isso eu me convidei a entrar. Quando entramos, o velho nos esperava na sala, assistindo a televisão. Ele ficou estarrecido com a minha presença e gritou com Ana. Eu lhe disse: - Calma, senhor Fritz. Eu não vim lhe fazer mal, só vim acompanhar a sua filha para casa. Ela estava vagando, perdida. Resolvi trazê-la de volta para o senhor.
O velho pediu para eu ir embora, mas perguntei a Ana, se ela queria que eu fosse. Estava assustada, dividida e não recusou minha presença. Eu disse a Fritz: - Eu vim ajudar sua filha. Hoje é o dia de sua libertação. Ela precisa saber que eu sei a verdade dos abusos, castigos e do aprisionamento. Tudo isso acaba hoje, porque em breve você estará morto.
Eu me virei na direção de Ana e lhe falei: - Ele não pode mais te machucar, mas só você poderá se libertar.
Estendi-lhe a mão e pedi ajuda. Peguei uma almofada e ofereci a ela. Disse, baixinho: - Ele tem que ser punido pelo que fez com você. Lave você mesmo a sua honra, redima-se. Não é vingança, é justiça.
Segurei seu corpo e a conduzi até o pai. O velho pedia que Ana não fizesse, mas não tinha argumentos para lutar pela vida. Peguei sua mão com a almofada e a coloquei contra a cara de seu pai. Ela pressionou, cada vez mais. O velho tentava lutar, porém a fúria da mulher era maior. Estava excitada, tremia muito, mesmo depois de eu tirá-la de perto do corpo morto. Fritz não tinha resistido muito, já estava muito debilitado. Eu tentei confortá-la: - Não se preocupe, eles não descobrirão a verdade. Ele morreu enquanto assistia televisão.
Ela respondeu: - Ele conseguiu manchar minha inocência de novo, agora sou uma assassina.
Eu a abracei e impedi seu choro. Disse para ela esquecer tudo, ninguém descobriria a verdade. Ana ficou perturbada, a última coisa que queria é que todos ficassem sabendo dos abusos. Ela estava encurralada entre a sua consciência e a vergonha. Ligou para a polícia, avisando que o pai havia morrido tranquilamente no sofá. Eu decidi voltar para o hotel. Pedi que me procurasse se houvesse problemas. Fui embora arrumar minhas malas, afinal amanhã é o dia de minha partida. Pensei em voltar mais tarde em sua casa, mas achei melhor não, poderiam levantar suspeitas. Como será que Ana enfrentará à noite naquela casa mal-assombrada?
O velho pediu para eu ir embora, mas perguntei a Ana, se ela queria que eu fosse. Estava assustada, dividida e não recusou minha presença. Eu disse a Fritz: - Eu vim ajudar sua filha. Hoje é o dia de sua libertação. Ela precisa saber que eu sei a verdade dos abusos, castigos e do aprisionamento. Tudo isso acaba hoje, porque em breve você estará morto.
Eu me virei na direção de Ana e lhe falei: - Ele não pode mais te machucar, mas só você poderá se libertar.
Estendi-lhe a mão e pedi ajuda. Peguei uma almofada e ofereci a ela. Disse, baixinho: - Ele tem que ser punido pelo que fez com você. Lave você mesmo a sua honra, redima-se. Não é vingança, é justiça.
Segurei seu corpo e a conduzi até o pai. O velho pedia que Ana não fizesse, mas não tinha argumentos para lutar pela vida. Peguei sua mão com a almofada e a coloquei contra a cara de seu pai. Ela pressionou, cada vez mais. O velho tentava lutar, porém a fúria da mulher era maior. Estava excitada, tremia muito, mesmo depois de eu tirá-la de perto do corpo morto. Fritz não tinha resistido muito, já estava muito debilitado. Eu tentei confortá-la: - Não se preocupe, eles não descobrirão a verdade. Ele morreu enquanto assistia televisão.
Ela respondeu: - Ele conseguiu manchar minha inocência de novo, agora sou uma assassina.
Eu a abracei e impedi seu choro. Disse para ela esquecer tudo, ninguém descobriria a verdade. Ana ficou perturbada, a última coisa que queria é que todos ficassem sabendo dos abusos. Ela estava encurralada entre a sua consciência e a vergonha. Ligou para a polícia, avisando que o pai havia morrido tranquilamente no sofá. Eu decidi voltar para o hotel. Pedi que me procurasse se houvesse problemas. Fui embora arrumar minhas malas, afinal amanhã é o dia de minha partida. Pensei em voltar mais tarde em sua casa, mas achei melhor não, poderiam levantar suspeitas. Como será que Ana enfrentará à noite naquela casa mal-assombrada?
quinta-feira, 9 de julho de 2009
AJUDA
Sentei na varanda do hotel, com um cigarro e uma cerveja. Eu fiquei olhando o lago, absorto em meus pensamentos. Estava feliz, dizendo a mim mesmo que na Bolívia minha vida seria perfeita. A guerra sempre proporciona espólios para seus participantes e eu teria o que quisesse.
Começava a cochilar quando o balconista do hotel rompeu pela porta e ma avisou que uma mulher queria falar comigo. Meu coração acelerou, pois só poderia ser Ana. Ela me esperava na frente do hotel, com uma roupa branca e cabelos soltos. Quando me aproximei, seus olhos tristes me fitaram. Ana pediu para conversar em particular, à beira do lago. Ela partiu e eu a segui, ainda meio atordoado. Andamos alguns metros até ela parar perto do pequeno píer do hotel. Ana cruzou os braços e me perguntou sobre os meus ferimentos. Eu lhe respondi, suavemente: - Vão melhorar. Ainda há esperança para mim.
Ela sorriu, satisfeita com a constatação. Não sabia que eu já conhecia a sua história, e disfarçava segurança. Não gritou pedindo ajuda, preferia ajudar a manter a mentira. Eu disse a ela: - Você é uma verdadeira heroína, Ana. Deve ser mais forte que a maioria dos homens.
Queria que ela gritasse, confessasse os abusos. Mas ela permaneceu calada. E eu não me segurei: - Seu pai falou muito de você no hospital. Disse que você é o maior amor de sua vida. Ele disse que lhe amava muito, desde que você era adolescente.
A mulher ficou perturbada. Disse que tinha que ir embora e desejou boa sorte. Antes de ela ir, ofereci: - Estou indo embora neste final de semana, por isso gostaria de oferecer um último favor. Gostaria de ajudá-la, afinal, não foi por isso que você veio me procurar?
Minhas palavras assustaram Ana. Ela pedia ajuda, embora não falasse. Eu me aproximei e ofereci minha companhia até a sua casa.
Começava a cochilar quando o balconista do hotel rompeu pela porta e ma avisou que uma mulher queria falar comigo. Meu coração acelerou, pois só poderia ser Ana. Ela me esperava na frente do hotel, com uma roupa branca e cabelos soltos. Quando me aproximei, seus olhos tristes me fitaram. Ana pediu para conversar em particular, à beira do lago. Ela partiu e eu a segui, ainda meio atordoado. Andamos alguns metros até ela parar perto do pequeno píer do hotel. Ana cruzou os braços e me perguntou sobre os meus ferimentos. Eu lhe respondi, suavemente: - Vão melhorar. Ainda há esperança para mim.
Ela sorriu, satisfeita com a constatação. Não sabia que eu já conhecia a sua história, e disfarçava segurança. Não gritou pedindo ajuda, preferia ajudar a manter a mentira. Eu disse a ela: - Você é uma verdadeira heroína, Ana. Deve ser mais forte que a maioria dos homens.
Queria que ela gritasse, confessasse os abusos. Mas ela permaneceu calada. E eu não me segurei: - Seu pai falou muito de você no hospital. Disse que você é o maior amor de sua vida. Ele disse que lhe amava muito, desde que você era adolescente.
A mulher ficou perturbada. Disse que tinha que ir embora e desejou boa sorte. Antes de ela ir, ofereci: - Estou indo embora neste final de semana, por isso gostaria de oferecer um último favor. Gostaria de ajudá-la, afinal, não foi por isso que você veio me procurar?
Minhas palavras assustaram Ana. Ela pedia ajuda, embora não falasse. Eu me aproximei e ofereci minha companhia até a sua casa.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
CONFISSÃO
Combinei com o jovem boliviano que partiria no final de semana para a Bolívia. Benites me levará até o aeroporto, onde eu pegarei um avião. Chegando à capital boliviana, eu devo procurar um hotel, onde um contato irá me encontrar. Tenho dois dias para fazer as malas e acertar minhas contas em San Bernardino.
Fiquei sabendo pelo gerente que Ana e seu pai haviam retornado hoje à sua casa, trazidos por um táxi de Assunção. Ele achou que eu me interessaria, já que tive meu braço quebrado pela mulher. O gerente queria ver confusão, esperava que eu me aproveitasse da situação para fazer alguma coisa contra a família. Eu, para ser sincero, não esperava que os dois fossem voltar juntos a San Bernardino. Imaginei que o velho confessaria ou que Ana acabaria entregando a verdade, com seus ataques de pânico no hospital. Fritz iria para a prisão e Ana ficaria livre.
Fiquei inconformado com a notícia, por isso precisava confirmar se o gerente dizia a verdade. Depois de tudo que descobri, não podia deixar aquela história e continuar como se não conhecesse as suas mentiras. Saí do hotel e fui até a frente da casa de Ana. Fiquei parado alguns minutos, convencido de que tinha que entrar na casa e resgatar a mulher. A casa estava toda fechada e eu imaginava como entraria. Enquanto tentava achar a resposta, Ana abriu uma janela e me encarou por alguns instantes. Ela perguntou o que eu queria. Eu lhe respondi, automaticamente: - Eu só queria saber se você está bem.
Ana corou. Confirmou seu bom estado e esperou por minhas palavras. Mas eu não tive coragem de lhe dizer nada. Eu queria consolá-la, contar que sabia de seu sofrimento, mas ela havia voltado para casa com o pai. Sua chance de contar a verdade e denunciar o pai tinha sido no hospital. Talvez os médicos não imaginassem os abusos, nem viram seus sinais, mas o fato é que ela não pediu ajuda. Eu lhe disse, esperando por uma resposta: - Ana, eu vim lhe pedir desculpas. Seu pai me convenceu de que você não é culpada pelos acidentes que ocorrem comigo. Ele me falou tanto de você, contou tantos detalhes de sua vida que me convenci. Sinto entender toda a sua vida, você é inocente.
Eu fiz uma pausa. Continuei: - Bom, vou embora. Só queria me despedir e resolver nossos mal-entendidos. Não queria que você ficasse com uma má impressão de mim. Sou apenas um homem, tentando fazer o que é correto. Às vezes me excedo, porém sempre tento me manter fiel à verdade. Desculpe se errei, mas agora terei de deixá-la.
Dei um passo atrás e lhe disse, melancolicamente: - Preciso ir embora, espero que você e seu pai possam viver em paz, juntos, pelo resto de suas vidas. E tenho certeza que vocês ainda viverão muitos anos juntos, pois o doutor é forte. Vai viver para sempre.
A mulher ficou confusa, mas pareceu entender o que eu lhe dizia. Ela desviou o olhar e fechou a janela, encerrando nossa conversa.
Fiquei sabendo pelo gerente que Ana e seu pai haviam retornado hoje à sua casa, trazidos por um táxi de Assunção. Ele achou que eu me interessaria, já que tive meu braço quebrado pela mulher. O gerente queria ver confusão, esperava que eu me aproveitasse da situação para fazer alguma coisa contra a família. Eu, para ser sincero, não esperava que os dois fossem voltar juntos a San Bernardino. Imaginei que o velho confessaria ou que Ana acabaria entregando a verdade, com seus ataques de pânico no hospital. Fritz iria para a prisão e Ana ficaria livre.
Fiquei inconformado com a notícia, por isso precisava confirmar se o gerente dizia a verdade. Depois de tudo que descobri, não podia deixar aquela história e continuar como se não conhecesse as suas mentiras. Saí do hotel e fui até a frente da casa de Ana. Fiquei parado alguns minutos, convencido de que tinha que entrar na casa e resgatar a mulher. A casa estava toda fechada e eu imaginava como entraria. Enquanto tentava achar a resposta, Ana abriu uma janela e me encarou por alguns instantes. Ela perguntou o que eu queria. Eu lhe respondi, automaticamente: - Eu só queria saber se você está bem.
Ana corou. Confirmou seu bom estado e esperou por minhas palavras. Mas eu não tive coragem de lhe dizer nada. Eu queria consolá-la, contar que sabia de seu sofrimento, mas ela havia voltado para casa com o pai. Sua chance de contar a verdade e denunciar o pai tinha sido no hospital. Talvez os médicos não imaginassem os abusos, nem viram seus sinais, mas o fato é que ela não pediu ajuda. Eu lhe disse, esperando por uma resposta: - Ana, eu vim lhe pedir desculpas. Seu pai me convenceu de que você não é culpada pelos acidentes que ocorrem comigo. Ele me falou tanto de você, contou tantos detalhes de sua vida que me convenci. Sinto entender toda a sua vida, você é inocente.
Eu fiz uma pausa. Continuei: - Bom, vou embora. Só queria me despedir e resolver nossos mal-entendidos. Não queria que você ficasse com uma má impressão de mim. Sou apenas um homem, tentando fazer o que é correto. Às vezes me excedo, porém sempre tento me manter fiel à verdade. Desculpe se errei, mas agora terei de deixá-la.
Dei um passo atrás e lhe disse, melancolicamente: - Preciso ir embora, espero que você e seu pai possam viver em paz, juntos, pelo resto de suas vidas. E tenho certeza que vocês ainda viverão muitos anos juntos, pois o doutor é forte. Vai viver para sempre.
A mulher ficou confusa, mas pareceu entender o que eu lhe dizia. Ela desviou o olhar e fechou a janela, encerrando nossa conversa.
terça-feira, 7 de julho de 2009
UM OBJETIVO
Benites se aproximou do lago, junto ao agente boliviano. Achei melhor conversar reservadamente, em terreno aberto e longe de pessoas curiosas. O tempo estava aberto, pela primeira vez em dias. A conversa com o jovem enviado pelo governador de Santa Cruz, principal adversário de Evo Morales, correu bem. O rapaz era muito dedicado e realmente se importava com a causa. Não devia ter mais de 25 anos, provavelmente filho de alguém importante. Falava em libertar o povo da tirania e clamava por democracia e justiça. Tive vontade de rir pensando no rapaz, que realmente acreditava na justiça e liberdade concebida através de um golpe de estado.
Ele falou longamente explicando a luta na Bolívia e me ofereceu um bom salário para ajudar o serviço de inteligência da província rebelde. Benites olhou-me com olhos tristes, implorando para eu não aceitar. Parece que dizia: “nós já sofremos demais. Estamos velhos e precisamos descansar. Morra em paz, Vargas”.
Mas estou decidido a continuar. Entregar-me a um objetivo, seja ele qual for, é a única coisa que me confortará pelo resto da minha vida. “Se parar, eu morro”, pensava. Apertei a mão do boliviano e selei o acordo. Minha vida, agora, faz sentido.
Ele falou longamente explicando a luta na Bolívia e me ofereceu um bom salário para ajudar o serviço de inteligência da província rebelde. Benites olhou-me com olhos tristes, implorando para eu não aceitar. Parece que dizia: “nós já sofremos demais. Estamos velhos e precisamos descansar. Morra em paz, Vargas”.
Mas estou decidido a continuar. Entregar-me a um objetivo, seja ele qual for, é a única coisa que me confortará pelo resto da minha vida. “Se parar, eu morro”, pensava. Apertei a mão do boliviano e selei o acordo. Minha vida, agora, faz sentido.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
RECOMENDAÇÕES
Benites avisou: - O boliviano chega hoje. Amanhã bem cedo nós vamos aparecer em San Bernardino para conversar.
O momento que tanto esperei está chegando. Em breve partirei para lutar contra as forças de Morales e Chávez. Mas depois que eu partir o que acontecerá com a pobre Ana? Seu pai ainda lhe fazia mal, envenenando sua vida. Enquanto o velho não morresse, ela não estaria livre. A vida de Ana está presa a de um cadáver, que se recusa a morrer.
No entanto, sinto que já me envolvi demais. Quebrei meu braço e o resto de decência que havia em mim. Não quero mais me envolver na história.
O momento que tanto esperei está chegando. Em breve partirei para lutar contra as forças de Morales e Chávez. Mas depois que eu partir o que acontecerá com a pobre Ana? Seu pai ainda lhe fazia mal, envenenando sua vida. Enquanto o velho não morresse, ela não estaria livre. A vida de Ana está presa a de um cadáver, que se recusa a morrer.
No entanto, sinto que já me envolvi demais. Quebrei meu braço e o resto de decência que havia em mim. Não quero mais me envolver na história.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
O MUNDO DELA
Tenho um fraco pelos olhos femininos, tristes, profundos e melancólicos. O sofrimento que transmitem é belo. Ana tinha esse olhar, que me pedia ajuda. Apesar de eu nunca resistir a esses pedidos, a história tinha ido longe demais e já ameaçava minha viagem para a Bolívia.
Eu não sei onde estava com a cabeça quando me joguei na frente do carro de Ana. Voltava da minha caminhada matinal quando vi o carro dela retornando da cidade. O veículo se aproximou e pude ver a mulher dirigindo concentrada. Ela virou o rosto na direção do pai, que estava no banco de trás. Naquele momento eu me entreguei a uma idéia, de que poderia conhecê-la se ela tentasse me atropelar. No entanto, eu não pretendia que ela me acertasse. Foi uma decisão estúpida, com certeza, mas seus olhos não me deixavam em paz.
Agora, estou com o braço quebrado e cheio de dúvidas, que só Ana pode responder. Eu descobri parte da história, mas o final pertence a ela.
Eu não sei onde estava com a cabeça quando me joguei na frente do carro de Ana. Voltava da minha caminhada matinal quando vi o carro dela retornando da cidade. O veículo se aproximou e pude ver a mulher dirigindo concentrada. Ela virou o rosto na direção do pai, que estava no banco de trás. Naquele momento eu me entreguei a uma idéia, de que poderia conhecê-la se ela tentasse me atropelar. No entanto, eu não pretendia que ela me acertasse. Foi uma decisão estúpida, com certeza, mas seus olhos não me deixavam em paz.
Agora, estou com o braço quebrado e cheio de dúvidas, que só Ana pode responder. Eu descobri parte da história, mas o final pertence a ela.
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