Benites se aproximou do lago, junto ao agente boliviano. Achei melhor conversar reservadamente, em terreno aberto e longe de pessoas curiosas. O tempo estava aberto, pela primeira vez em dias. A conversa com o jovem enviado pelo governador de Santa Cruz, principal adversário de Evo Morales, correu bem. O rapaz era muito dedicado e realmente se importava com a causa. Não devia ter mais de 25 anos, provavelmente filho de alguém importante. Falava em libertar o povo da tirania e clamava por democracia e justiça. Tive vontade de rir pensando no rapaz, que realmente acreditava na justiça e liberdade concebida através de um golpe de estado.
Ele falou longamente explicando a luta na Bolívia e me ofereceu um bom salário para ajudar o serviço de inteligência da província rebelde. Benites olhou-me com olhos tristes, implorando para eu não aceitar. Parece que dizia: “nós já sofremos demais. Estamos velhos e precisamos descansar. Morra em paz, Vargas”.
Mas estou decidido a continuar. Entregar-me a um objetivo, seja ele qual for, é a única coisa que me confortará pelo resto da minha vida. “Se parar, eu morro”, pensava. Apertei a mão do boliviano e selei o acordo. Minha vida, agora, faz sentido.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário